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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SOBRE POEMA "NATAL NA RUA DA MISÉRIA"

A poesia "Natal na Rua da Miséria", do Poeta José A. Jacob, soa aos nossos ouvidos como carrilhões bélicos, se lida em voz alta, e se assemelha à trevas do Inferno, se lida em silencioso respeito à miséria alheia; como distinguir entre os maltrapilhos que disputam um churrasco de ratazanas seres humanos como nós? Lá, entre as sombras das noites que a tudo disfarça, se escondem por becos e ruas fétidas sombras de gentes que copiam os fantasmas das óperas bufas.
Eis o belo quadro que o nosso sistema social apresenta como um espetáculo não pago aos olhos que passam sem "ver" a verdade de um país nocivo a esses párias. Na verdade, miséria alguma dá Ibope... Engano engenhoso de um títere mal assombrado que cruza nossos céus em um super jato; ele tirou da miséria o seu índice de 87% de popularidade e posa, diante de câmeras de TVs, como um falso Napoleão tupiniquim em cuja mesa, em seu Palácio, farta se acha de guloseimas para os amigos da hora. E os jornais estampam as TVs gritam a todo pulmão e as revistas alardeiam: "Temos o nosso estadista maior, o melhor Presidente que o país já viu nascer, o amigo dos pobres que acabou com a pobreza dentro dos limites de nossa pátria."
Onde, pois, colocar esses "artistas" que fingem a fome, que pervagam as noites à cata de "comida" e, não a achando, se satisfaz a um churrasco de ratazanas? Pode ser um texto exagerado? Um texto para abalar as estruturas sociais, só por brinquedo? Não! Na famosa seca nordestina de 1898, meu avô Machado e seus filhos caçavam calangos e lagartixas, que viviam em mangueiras, para se alimentarem. Ratos são comidos na China, normalmente. Por que não num Brasil de fome escondida, de misérias escamoteadas e de falta total de vergonha de nossas autoridades? Grande esse poema porque traduz a verdade absoluta da atual situação desse nosso Brasil, mais uma vez enganada pela mídia mal intencionada e disposta a receber em suas mãos as verbas "tapa bocas" que o atual governo distribui a mancheias.