O
BRASIL DE SEMPRE
Desde que tomei conhecimento da
existência da TV Senado, tenho o costume incontrolável de não tirar os olhos da
“telinha” que nos revela o grande e confortável plenário onde os nossos representantes se sentam em
poltronas espaçosas. Só deixo de
assistir aos debates quando o Presidente da mesa encerra os trabalhos do dia ou
quando não há trabalhos televisados diretamente de lá.
Exerço, assim, no recôndito da minha
casa, a minha cidadania por não me negar enviar e-mails a alguns parlamentares.
Dessa forma, demonstro que sou um fiel assistente a todos os debates que soem
acontecer naquela Casa; sejam discursos dos situacionistas ou os dos
oposicionistas. Digo-lhes, com tais e-mails: “Estou atento aos seus movimentos;
anoto o que dizem; eu os cobrarei, com meu voto.”
Alguns deles parecem dissociados
totalmente dos acalorados debates sobre a atual situação vergonhosa evidenciada
nas duas Casas do Congresso, em se tratando de corrupção no Parlamento.
Sobem às tribunas com assuntos
totalmente fora do contexto atual: as passagens aéreas para as suas sedes
dentro do país e para o exterior. Porém, estendem o “Trem da Alegria” a
parentes, amigos, funcionários e, pasmem, até aos times de futebol! Outras
práticas obscenas são geradas pela famigerada “Verba Indenizatória” e, mais
recentemente, os Planos de Saúde vitalícios aos senhores senadores e aos que já
não o são, engrossados por seus familiares. A última mais recente: a análise de
300 “vetos” presidenciais para votação. Dentre eles, embutido nos esconsos dos
muitos vetos de anos, o que dava um sonoro “NÃO” aos reajustes aos aposentados
com mais de um salário-mínimo em seus ganhos. Felizmente, o plenário assumiu o
seu compromisso com os idosos abandonados e esquecidos pelo governo LULA, que
dá uma de “bonzinho” ao FMI com empréstimos de valores que bem poderiam ser
canalizados para cobrir aqueles pagamentos previstos na Constituição de
1988.
O vergonhoso é vermos como alguns
senadores têm pendores às artes cênicas; choram copiosamente quando usam as
tribunas para suas defesas ao serem alcançados por denúncias de péssimo uso de
imóveis que nós, trabalhadores da ativa e os aposentados, patrocinamos com
cinco meses de trabalho ao ano, só para pagarmos impostos. Mas na hora de se
expressarem a favor dos injustiçados, ficam em cima do “muro”, dóceis às ordens
do Palácio do Planalto. Por aí se vê que nem fedem, nem cheiram, aliás, só
fedem! São uns “dandys” que se defendem,
entre si com todo o denodo. Não querem sujar os dedos em suas “imundícies” e
nas de seus pares. Jogam água fria na fervura dos pronunciamentos daqueles que
lá vão para expor os “podres” do Poder, ou melhor: do Governo! São amorfos. São
crisálidas fechadas em seus casulos, ignorando - por quê? - a situação de uma
corrupção putrefata que campeia desavergonhadamente na capital da República.