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quinta-feira, 22 de julho de 2010

O SOL EM AREIAS

“De olhos brancos voltados para o Céu: era
o mais infeliz dos cegos: não ver em Areias”

A Bagaceira


O Sol flamejante e saturado de luz branca mais branca do branco,
invadia as taperas. Parecia um calor de incêndio sem remédio, sob os tetos.
A miúda Areias, de longe, refulgia como a cal cinérea, e até o vento se abrasava e, como o sopro de um braseiro, a brisa queimava. O piso era como o fundo escaldante de uma frigideira. As pobres e calcinadas árvores clamavam chuva. Retorciam-se os galhos e pesados de luz soalheira emborcavam ao chão flamejante.
Nem as sombras eram sombras – eram vapores do Inferno! Nem Pegalí se atrevia pisar aquele chão, mas Areias era linda na brancura do casario.
E o cego não via o dourado mais dourado, do dourado Sol sobre as corcovas das mulas.
Até as palmas se eriçavam de calor.
Areias, a humilíssima cidade, descansa, agora, na refulgência de um Sol imperador.

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